Os demónios do Norte


Está na massa do sangue do povo germânico o gosto pela guerra, pela conquista e pela destruição. Os romanos relatam o quanto se sentiam confusos com as técnicas de conflito dos germanos, mais dados à guerrilha do que ao sistema militar organizado: contam histórias estranhas de homens ferozes, de aspecto animalesco e em frenesim. Os berserkers tomados de fúria em estado alterado pela ingestão do cogumelo amanitas muscaritas criavam a confusão na organização mental do soldado romano e, assim, afastavam o inimigo. A ferocidade é algo marcante no ADN dos povos germânicos que, séculos mais tarde após as tentativas de conquista dos Romanos, volta a despertar nos Viquingues.

Os demónios do Norte, como eram chamados, sentiam o apelo do ouro e avançaram no terreno até alcançarem a Galiza, onde saquearam terras, como Tui, em busca de tesouros. Orientados pela Polaris, de noite, e pelo Sol - em dias nublados usavam a pedra solar que refletia a luz solar polarizada por entre as nuvens para manterem os drakkars (barcos-dragão) na rota certa - os piratas do Norte deixaram um lastro de violência e de fama de temerários. Em Catoira, Pontevedra, na atualidade celebra os gritos guerreiros de um desembarque surpresa e devastador. O casco raso dos seus barcos garantia a navegação em águas pouco profundas, como os rios. E foi pela via fluvial de Ulla que os machados golpearam terra a dentro, reduzindo a escombros o que se chamaria Torres do Oeste. Marque na sua agenda: no primeiro domingo de agosto, a anarquia volta a reinar em Catoira, na romaria Viquingue, recriando o ambiente dessa invasão, mas em festa. Festeja-se a agora com vinho o que outrora se resumia a sangue. No museu de Pontevedra podemos recordar esse barco-dragão numa pequena réplica em madeira.


A tática básica dos Viquingues, strandhögg, permitia-lhes agir rápida e violentamente. O strandhögg baseava-se num sistema de espionagem, de verificação das possibilidades ante o inimigo, de modo a facilitar um ataque inesperado, sem hipótese de organização defensiva do alvo. Num ápice, levavam tudo o que podiam e deixavam um rasto de destroços. Por cá, dizem as crónicas, que os Normandos entraram pelo rio Ave e acabaram com o castelo de Vermoim (Famalicão). 
frenesim

frenesim In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-01-16].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/frenesim>.

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