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A mostrar mensagens de junho, 2019

A serpente, a pedra e a moura encantada

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O solo que pisamos preserva memórias arcaicas de ofiolatria trazida pela mítica "invasão de serpentes" descrita por Avieno que, por essa razão, apelidou o nosso território de Ophiussa. A consciência da serpente infiltrou-se nas liturgias e nas pedras que testemunham a sua presença como ídolo religioso e alegoria viva da Mãe telúrica. Fonte inspiradora de reverência e de vigor, o símbolo da serpente encorpou-se em crenças sobre a Vida e Morte, numa terra que, apesar da usurpação cristã, se manteria fiel à sua memória simbólica na imagem da Imaculada Conceição, padroeira de Portugal, e na heráldica portuguesa, durante muito tempo sob a égide ofídica. O atributo anímico da Grande Progenitora poderá estar eternizado na estátua-menir da Ermida (serra Amarela). Esta escultura pré-histórica concentra no granito uma possível reminiscência de ritos de fertilidade e de exaltação de uma ginocracia, relembrada nas fábulas sobre mouras encantadas e na adoração das sucessoras de entidad