Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2013

Adeus às 12 Noites na celebração do Hogmanay

Imagem
Dia 31 de dezembro, o ponto final do ano gregoriano, e a despedida das 12 Noites Asatru, e momento em que se celebra o Hogmanay (Escócia), a divindade solar Hogmagog. Festividades em que o ser humano se funde ao mundo animal: os jovens vestem-se com peles e cornos de animais e erguem umas varas especiais que, ao arderem, produzem imenso fumo, numa ação simbólica para afugentar os maus espíritos. Uma tradição semelhante que recordo nas Máscaras da Grande Deusa:  "(...)Nesta fase no ano celebrava-se, no segundo dia de Janeiro, a rauchnächte, a noite dos incensos. Em vários outros pontos da Alemanha rústica, grupos numerosos de rapazes vagueavam de casa em casa em plena luz do dia em disfarces extravagantes, carregando chocalhos e produzindo estalidos com chicotes para afastar influências malignas. Costumes populares que encontramos profundamente arreigados no planalto mirandês, onde habitam crenças mágicas e naturalistas inspiradas em modelos ancestrais que sobrevivem ainda hoje.

Os murmúrios da gydja

Imagem
No regaço da densa floresta, a noite repousa. O bosque primordial, Urwald, ergue-se nas trevas noturnas para reinar sob a luz lunar, ocultando e albergando muitos segredos, que quase nenhum foi revelado e nem a magia consegue despertar. No coração deste imenso mar florestal pulsam histórias enigmáticas de um povo que desafia a morte e vence os seus inimigos.    Por entre os troncos de grossas árvores, as sombras murmuram segredos de mistérios antigos, de encontros sigilosos de feiticeiros e feiticeiras em cenáculos assombrosos para cozinharem poderosos galdrs . Caminhando pedra sobre pedra, galho sobre galho, o tempo construiu uma longa e secreta história de combates e conspirações mágicas, cujos espetros castraram tentativas de invasores em destruírem as velhas tribos escandinavas. Caminha-se com dificuldade como se tentássemos romper uma espessa e escura membrana até ser possível avistar uma vasta clareira - tão infinita como a linha invisível do horizonte.  No seu c

Fafnir: o simbolismo da gula mercantilista

Imagem
Numa sociedade de meros bens simbólicos, a época após o Natal põe a descoberto a ânsia de consumo de pequenos dragões capazes de aniquilar os já ínfimos prazeres do espírito. Os olhos arregalam-se ante o objeto de cobiça e as mandíbulas abrem-se de satisfação pela quantidade de sacos de compras que ocupam mãos e braços. O poderoso braço do anão Fafnir, de alma temerária, ergue os troféus de glória efémera até que o apetite pela compra volte a angustiar o desejo pela posse. Fafnir é a matriz do sonolento Smaug, no filme da trilogia da mitologia moderna de Tolkien. O filho do rei anão Hreidmar, irmão de Regin, a quem se reconhece grandes poderes mágicos, e de Ótr, este dotado da capacidade de se metamorfosear em lontra, compõem o drama da Saga dos Volsungos em torno de um anel e um tesouro amaldiçoados. Fafnir era o guardião do tesouro do reino do progenitor, oferecido por Loki em compensação pelo assassinato por engano de Ótr. Um património de valor inestimável, protegido pelo

Yule: o enterro das trevas

Imagem
Depois da celebração da Mãe-Noite, o primeiro dia dos 12 que marcam a cadência da vida neste período do ano, é tempo de festejar a chegada do Sol Triunfante. Na noite mãe, nas vésperas do parto do filho pródigo, Frigga e as Disir são as senhoras reinantes, como que a preparar o regresso de Balder dos domínios sombrios e frios de Hel. O aspecto maternal que marca estes espaço temporal contém o calor uterino onde fermenta a esperança de vida, que se vai consolidar em Ostara, a deusa da primavera. A energia feminina de Frigga e de Holda carrega este tempo de esterilidade e da fúria do Caçador Selvagem. A montada da morte de Odin lança a rede em busca de espírito errantes, como que se estivesse a revolver a terra nos preparativos prévios para a sementeira. O Deus dos Corvos espalha o terror nos céus, com o estalar do chicote no ar para que a neve e as chuvas gélidas acelerem o fenecimento dos solos, castrando os seus órgãos reprodutivos para depois nos oferecer magnificas recompensas na

Celebrar a Hamingja

Imagem
A Hamingja simboliza a carga universal dos Antepassados Míticos de uma família, definindo o destino inerente aos seus descendentes numa linha sucessória a partir do nome e, em contrapartida, era o garante de sorte, saúde e prosperidade. Os apelidos parecem ser compostos de parábolas que simulam motivos míticos relacionados com determinadas faculdades de divindades que lhes servem de composição. Georges Dumezil mostra-nos isso na desmontagem das peculiaridades nominativas dos heróis exaltados nas Sagas de Saxo Grammaticus e de Snorri Sturloson - suportando-se nos trabalhos de Carl Wilheim von Sydow – ao considerar que os nomes carregam o simbolismo das lendas de epónimo de dinastias. A Hamingja será, pois, a síntese das características dos seres divinos escolhidos para matriz, assumindo a aparência específica – hamingja quer dizer a “que toma a forma” – de mulher pela sua função tutelar e maternal. É ela que assegura a segurança da família e nutre a partir da seu poder em fome

O canto de Rán

Imagem
Tenho a sensação de que navego sobre o peito de Aegir, desafiando o ciúme da sua esposa, Rán. A deusa das águas profundas e turbulentas desliza pelo leite salgado do seu esposo, de rede na mão, à espreita da presa, que voga de olhos postos no horizonte para chegar a salvo a cada porto. Rán simboliza as ondas vorazes, de enormes mandíbulas para devorar os sonhos de quem segura o leme da sua vida. O mundo está, de certa forma, entregue a uma loucura pelo desejo de simplesmente de roubar, extorquir ou esvaziar o ânimo.  Rán é como a sereia, cujo canto enfeitiça e conduz à alienação. Ela é um teste à nossa sanidade e personifica os adversários que nos tentam vergar. Tal como os marinheiros devem levar algumas moedas de ouro para a aplacar a avidez de Rán e, assim, poupar-lhes a vida, os desafios da realidade mundana também são vencidos pela corrupção. Sem oferta, não há recompensa. Sem troca, cortam-nos as pernas e encurralam-nos nas redes. A superfície das águas de Aegir escond

Como usar os espinhos de Thurisaz

Imagem
Há quem aponte Thurisaz como a runa de 2014. Se assim for, então o novo ano oferece-nos a oportunidade de criarmos uma fortaleza psíquica, como que a fortalecer a capacidade de domínio sobre forças desestabilizadoras. Thurisaz é como as sebes que delimitam e separam um espaço íntimo, particular do que se afigura ameaçador, alheio, para o manter protegido. O terreno que os espinhos zelam a uma distância de terceiros que nada têm a ver com o nosso espaço fica, assim, a uma distância de segurança, e com um aviso claro de que se não for respeitado, o ataque defensivo é garantido. Thurisaz é a runa de Thor, o deus-trovão, o guardião dos deuses e dos Homens. É o símbolo das forças que necessitam de controlo e equilíbrio, caso contrário, o que parecia ser positivo, inverte-se em negativo e contra nós. A impulsividade de Thor tem esta dualidade, o que obriga a disciplinarmo-nos para fazer um ótimo uso desta energia. Podemos comparar Thor a uma espécie de São Jorge ou Arcanjo Miguel: todos

O tempo de Verdandi

Imagem
Dezembro, décimo mês do calendário romano, governado por Decima, a do meio das três Senhoras do Destino, que personifica o Presente. Decima é a Verdandi Escandinava, a irmã do meio das três Nornas, as soberanas do Wyrd, a teia cósmica que entrelaça a existência da Humanidade com a dos Deuses. O mês da "morte" está sob a regência temporal do "aqui e agora", da oportunidade para olhar para trás, para o percurso do Passado, avaliar, medir e preparar o caminho do Futuro. Nada avançará sem esta dolorosa retrospectiva. O Presente tem a dinâmica do crescimento de uma planta. Verdandi é uma força que brota, por isso necessita de tempo, cuidado, dedicação e nutrição para que possa despontar.  O inverno oferece esta condição, de compasso de tempo, de paralisia obrigatória para pesar o que foi semeado no passado  e está a ser colhido no presente. Nessa aparente paragem da roda da fortuna gera-se uma energia centrípeta, como a que se vivencia na runa Isa. A nossa resi

Moradas Secretas de Odin

Imagem
O meu primeiro amor, manifestado em quase 200 páginas, carinhosamente escritas com sugestões inspiradoras e curadoras...