Dia sagrado das belas e ferozes Valquírias

Janeiro despede-se ao som das cavalgadas das Valquírias. Belas, imponentes e de aspecto agressivo, as filhas de Odin são celebradas neste dia e com elas vêm também as lembranças de nomes heroicos de homens agora imortais e elevados à condição divina. De temperamento paradoxal, estes seres femininos expressam a dualidade mais profunda da mulher que se segue a si mesmo. A paternidade do Deus Supremo não lhes limita a liberdade de escolha e muito menos atenua-lhes a faceta visceral, que as torna sinónimo de morte. Mas esta é uma morte transformadora, iniciática, em parte, porque visa apenas o guerreiro que se supera e transcende as suas limitações.

Valquíria significa a que escolhe o melhor de todos que se despedem da vida em combate. Elas aguardam pelo último suspiro do seu alvo, com idêntica expectativa com que a Morte observa, pacientemente, com um certo gozo a luta agoniante de quem lhe resiste.  A beleza das Valquírias em nada se assemelha ao harmonioso e feérico: elas são cruéis, como qualquer desafio que nos leva a outro patamar consciencial. São fleumáticas e altivas Dianas, sem dó e piedade em cegar aquele que se atreve vê-las na sua intimidade. Não é dever primordial do homem dominar o medo? O homem é um escravo, um covarde, de pensamentos falsos, se não rejeitar o temor? Perguntará uma Valquíria ante o seu eleito.
Será ela, então, um ser sanguinário, violento e implacável ou a mulher iniciadora, o arquétipo da emancipação da consciência masculina? Não será ela, antes, a parteira do homem inteiro? Ela, sim, desafia porque é inteira e receptáculo do conhecimento arcano das runas. Bryndild desobedeceu às ordens de Odin, partilhando os mistérios rúnicos, porque uma Valquíria não é submissa e sabe também ela apontar o dedo do poder. Freya é a líder do exército de Valquírias e simboliza todas as Mulheres independentes e conscientes do seu poder pessoal.

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