Onde andam os Einherjar?

A corrente Asatru lembra e celebra, neste dia de São Martinho, os Einherjar, os 432 mil guerreiros espirituais que guardam Odin e esperam pelo Ragnarok. Ser um guerreiro, de acordo com a concepção de vida destes povos germânicos, não basta ter predisposição para a guerra: ele terá de ser o melhor entre os melhores. Os Einherjar constituem um arquétipo muito interessante nestes tempos de hipocrisia e de fracos valores, um bom modelo de inspiração e de superação. São poucos, raros, aqueles que se entregam a uma causa, fazem valer as suas convicções e traçam um objetivo especial no seu destino.


Os guerreiros de Odin ou Wuotan empunhavam lanças, espadas, machados ou martelos e entregavam-se de peito aberto à conquista da glória. É um facto que o faziam em pleno transe extático, após a ingestão de cogumelos alucinógenos, de qualquer forma, a  morte não os assustava, porque se sentiam possuídos por uma força sobrenatural que os faria sentir superiores aos seus inimigos. Não se tratava de arrogância, mas uma certeza absoluta nos valores que eles mesmos representam e pelos quais pugnavam. Só os melhores eram selecionados pelas valquírias, as psicomensageiras de Odin, mulheres que deixavam um lastro de vermelho ocre nos céus e sopravam a morte pelos campos de batalha para sacar a alma do mais bravo dos heróis. Tornar-se num semideus valia a pena a perda de sangue, porque consideravam ser uma troca justa pela imortalidade e um lugar cativo no salão do palácio Gladsheim.

A crença espiritual num mundo fantástico e a vontade em testar os limites conduzia estes homens de barba rija a escrever a sua gesta nos anais do tempo. O nome jamais seria esquecido, a memória da sua alma respeitada e elevada a devoção divina. Tudo isto constituía o seu lema na passagem terrena. Não havia nada pior do que o banimento de um nome de um líder. A honra justificava os meios e assim o clã progredia sob bons auspícios da Hamingja - a alma tutelar.  A coragem suprimia o medo e assustava os adversários. Os Romanos arregalaram os olhos de perturbação quando tiveram de enfrentar a guerrilha das tribos germânicas, que atacavam de noite, aproximando-se dos acampamentos pelos cursos de água para evitar serem detetados pelo cheiro. Um esquema para manterem a integridade das terras e afastar o domínio dos invasores. Este sentido territorial e étnico é coisa que se perdeu por todo o lado, deixando as pessoas sob o jugo de interesses mercantilistas. A plutocracia tomou conta da consciência humana, enquanto o Valhala se vai esvaziando sem o reforço de novos Einherjar.

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