O conceito perdido das Runas

Tyr
A religião dos antigos povos de língua germânica tem um fundo mitológico, já que mitos inspiravam códigos de conduta, com forte predominância do sentimento e da vontade. É nesta base ética que assenta o Código das Nove Virtudes Asatrú, que reaviva as motivações arcaicas de uma cultura sem conotação moralista do bem e do mal, mas dedicada à procura de uma finalidade da vida humana e de os meios de a alcançar. O propósito deste povo era alcançar a IMORTALIDADE através de atos heroicos, no sentido de concretizar o DESTINO derradeiro: as delícias do VALHALLA. Há um código de conduta, esse código é o heroísmo e a superação da condição humana, equiparando-se aos deuses. Odin deu o exemplo no autossacrifício para conquistar a gnose mágica dos mistérios naturais. O conhecimento dos segredos da linguagem mistérica da natureza ficou impresso nas runas. Signos gráficos de linhas afiadas e dotadas de propriedades mágicas de proteção e oraculares. Os tabus que ensombraram os conceitos mágico-religiosos germânicos começam paulatinamente a libertar-se de uma prisão construída por uma absurda abordagem geopolítica. Libertos deste regime ditatorial e de uma manipulação obsessiva, os símbolos sagrados, que caracterizaram a identidade histórico-cultural de um povo milenar, foram perdendo o sentido sublime sobre costumes que reaparecem agora sob a designação de Tradição Nórdica.

A runelogia constitui apenas uma forma residual da relação do homem da antiga Germânia e dos primórdios da história da península escandinava com os deuses. Lançar as runas não chega para nos sentirmos integrados no ambiente mágico dos Vikti (uma das designações antigas para os conhecedores das runas) e muito menos basta para nos embrenharmos nos domínios ocultos das divindades regidas pelo deus Odin. Podemos conhecer a linguagem padronizada para facilitar a interpretação da simbologia dos 24 ideogramas desenhados em cartas ou inscritos em bonitas pedrinhas, mas provavelmente muito poucos estarão interessados em integrar as forças divinas nos processos simplórios da adivinhação. Será sempre um ótimo sinal se as runas Fehu ou Tyr pautarem uma tiragem individual, porém continuará pendente a mensagem que cada uma delas esconde. O significado de cada uma das runas vai-se desvelando à medida que reagimos emocionalmente aos impulsos que emanam dos símbolos e as suas forças sobrenaturais religam a nossa alma à Antiguidade da Natureza, no fundo a sua fonte de vida e os domínios celestes. O Homem vai-se tornando uno com o Deus, imanente na natureza. O contacto e integração da força numinosa subjacente em cada runa abre-se um horizonte de autoconhecimento e uma via iniciática nos mistérios das leis naturais. O trabalho de posturas rúnicas é um facilitador deste processo transformador e mágico.

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