Festa da vida em Ydallir

Neste dia, Ydallir, o vale dos teixos, está em festa. Ullr, o deus arqueiro, aponta a sua seta da Glória e ilumina os céus de inverno. O santuário em Lilla Ullevi, “lugar consagrado a Ullr”, a norte de Estocolmo, comprova a existência de um culto a uma divindade misteriosa, que os mitolólogos fazem circular por entre das duas castas de deuses. Não deve importar muito se é um Vanir ou Aesir, porque Ullr reina neste período do ano, em que o homem antigo se dedicava à caça, como fonte alimentar, e enfrentava a frieza e crueldade do gelo. Skadi, a deusa das montanhas ruidosas, é também senhora os tempos de escuridão e do frio. Arquétipos dos forças insconscientes do que se parece medonho, difícil, que castra, e enclausura, Ullr e Skadi simbolizam a morte, mas também o instinto de sobrevivência. Eles caminham sobre a neve, usando sapatos próprios ou esquis e mostram que é possível contornar as dificuldades e viver em plena fase de inércia.

O teixo é o guardião do fogo, aquele que conserva a vida e simboliza a perenidade. Esta árvore de folha perene, também sagrada na devoção celta, era colocada nos cemitérios para zelar pelos mortos. A sua verdura eterna inspirava estes povos antigos à ressurreição. Símbolo da inteligência, da ciência. Os druidas inscreviam os caracteres misteriosos do Ogam, sobre varas de teixo - daí se explique a relação desta árvore com visão profética de Odin. As Runas e o Ogam são dois processos divinatórios muito importantes. O teixo servia de palco a práticas rituais ligadas à passagem da vida à morte.

O seu tronco vermelho alude à potência ígnea e estando associado a Ullr, também relacionado ao brilho das auroras boreais e até aos elfos-brilhantes, o teixo é, pois, um agente de grande força de vitalidade que garante a vitória da luz sobre as trevas. Em Ydallir habita a promessa de que do gelo se formará matéria. E serve, inclusive, de esperança aos momentos mais escuros, de adversidades e de completa inação. Ullr é o farol que indica a luz ao fundo do túnel e a prova cabal de que nada pode abater a vontade. O teixo resiste às chicotadas do vento invernoso...

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