Yule: o enterro das trevas

Depois da celebração da Mãe-Noite, o primeiro dia dos 12 que marcam a cadência da vida neste período do ano, é tempo de festejar a chegada do Sol Triunfante. Na noite mãe, nas vésperas do parto do filho pródigo, Frigga e as Disir são as senhoras reinantes, como que a preparar o regresso de Balder dos domínios sombrios e frios de Hel. O aspecto maternal que marca estes espaço temporal contém o calor uterino onde fermenta a esperança de vida, que se vai consolidar em Ostara, a deusa da primavera. A energia feminina de Frigga e de Holda carrega este tempo de esterilidade e da fúria do Caçador Selvagem. A montada da morte de Odin lança a rede em busca de espírito errantes, como que se estivesse a revolver a terra nos preparativos prévios para a sementeira. O Deus dos Corvos espalha o terror nos céus, com o estalar do chicote no ar para que a neve e as chuvas gélidas acelerem o fenecimento dos solos, castrando os seus órgãos reprodutivos para depois nos oferecer magnificas recompensas na alvorada da chegada de Sunna, linda, brilhante e cálida. Odin é o olho que observa oculto no empíreo, o pai Altíssimo que não governa sozinho. Ao seu lado, a mãe Frigga protege os filhos terrenos e acolhe-os no seu regaço. 

Em Yule (do gótico Jiulus - mês de novembro) a roda solar gira para a fase ascendente para dar visibilidade ao aspecto ígneo e produtivo do Sol. Está de regresso o Invicto, tal como Mitras surge vitorioso sobre o touro sacrificial. O sangue jorra do dorso do animal sagrado como prova de que vida não morre, apenas fica suspensa por breves instantes. 

Celebremos a felicidade do retorno do Grande Astro da Vida, na noite mais longa do ano. Hoje, é o enterro das trevas!!!!


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