Vé: o espaço livre e sagrado
Os templos Viquingues godhaus, a casa do deus, e blothaus, casa dos sacrifícios foram suplantando a ligação mais livre destes povos ao espaço em bruto, sem intervenção da mão humana. A energia divina brotava de um certo ponto, fosse ele uma árvore, uma nascente, queda de água, lago ou pedra, desde que emanasse uma força sobrenatural. A identificação da hierofania consagrava esse espaço natural, ao céu aberto designado por vé. O mesmo termo que encontramos envolvido o mito da antropogenia da Tradição Nórdica. Vé é
uma das três hipostases de Odin, descrito como
irmão do deus supremo Escandinavo, e concedeu a forma humana ao primeiro casal Ask e Embla, dois troncos de árvore de freixo e de ulmeiro, depois da doação do espírito (önd) por Odin e da vontade por outro dos seus irmãos,
Vili. Neste ritual de metamorfose e ontológica, Vé sinalizou o corpo com uma dimensão sagrada, como personificação do recinto
operativo e litúrgico de sacerdotes e magísteres, onde os Deuses se manifestam.
Vé significa lugar sagrado,
santuário onde se celebra e se comunga com os deuses. Então o nosso corpo, a dádiva graciosa da hispotase de Odin, é também um templo onde os deuses se manifestam, pelo que temos o dever de zelar pela sua manutenção e utilizá-lo como veículo de comunicação com o divino. O corpo humano é um fantástico instrumento de
superação dos obstáculos, que ele próprio vai armadilhando o caminho com os impulsos
fisiológicos. É um labirinto que exige, portanto, a convivência consciente e
construtiva da consciência espiritual com o corpo somático para que a resposta
às necessidades corporais não excedam a justa medida
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