Ostara traz o brilho da felicidade



Agora que estamos com um pé na primavera, abrem-se as janelas ao brilho de Ostara e arregalam-se os olhos ante a beleza das bétulas, teofania do princípio feminino divino. A Árvore da Vida carrega no seu ventre a regeneração da Natureza. A água é o líquido amniótico no qual gesta as flores que enfeitam os campos silvestres e espalha as fragrâncias do amor. A bétula é Berkana, a runa da deusa, e o suporte da existência na mitologia nórdica. É a Grande Anciã da tradição dos Montes Urais  que regula os ciclos migratórios das aves e a que ordena os renascimentos.

É a Austras koks, a árvore do Este ou a árvore da alvorada no contexto mitológico da Letónia. Esta árvore luminosa começa a crescer no preciso momento em que Saule, deusa Sol, inicia a sua jornada pelo céu. Pode ser um carvalho, árvore associada ao ciclo solar e à vida que perdura, ou uma bétula, árvore ligada à luz e à emanação de vitalidade. As folhas de Austras koks são de prata, as raízes de bronze e os seus ramos de ouro, e prospera nas margens do rio Daugava

A primavera simboliza o equilíbrio, as metades do dia e da noite são equivalentes, e do ponto de convergência brota a luz da aurora que rompe os céus até aqui escurecidos pelo inverno. É simbolismo que encontramos na runa Dagaz, a porta brilhante que se abre para a nossa passagem para outro nível de consciência.

Decoram-se os ovos de Ostara na esperança de gerar magia simpática que torne os solos férteis e oferecem-se como gesto de generosidade para que a fertilidade toque a todos. Os cucos cantam e anunciam os anos que teremos de vida. Ostara simboliza o grande triunfo sobre a morte e a escuridão, e nas ruas acendem-se atiçadas fogueiras e lançam-se rodas flamejantes para sarar as feridas da terra e fecundá-las com a força do fogo. Era assim nos tempos inocentes dos povos germânicos e assim continuou nos tempos do Cristianismo.

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