As várias facetas da Páscoa

Do hebraico pesakh, «passagem», pelo latim vulgar pascŭa-, «pastagem», pelo latim eclesiástico Pascha-, «Páscoa», in Infopédia

Ora, a Páscoa assinala o êxodo dos Judeus do Egito. Essa passagem simbólica da escravatura para a libertação, que, depois, é assimilada no calendário litúrgico do Cristianismo como  marco da ressurreição de Cristo, ou seja, da sua passagem de mortal para a condição divina. E que tipo de passagem fazem os seguidores de tradições, cujo sentido varreu-se da memória, por efeito da deterioração dos valores, da consciência de seres também sujeitos a transformação??!!!

O compasso entra pelas casas a dentro, com o crucifixo em bronze - metal dos antigos adoradores das virtudes solares - em busca do beijo redentor, orientado pelos aromas frescos das primeiras flores da primavera. Um conjunto de símbolos que nos remetem para tradições pré-cristãs, que nos lembravam ser tempo de abrir as portas e as janelas aos abraços do Sol primaveril, fecundante e viril. No beijo dá-se a transferência do sopro da vida, pelo Cristo renascido, como o Sol que surge das trevas do inverno para reivindicar o trono. Chega invicto, desde o solstício de inverno e empoleira-se aos ombros das colinas que se reverdecem. 

A terra está fremente. E é bom que assim seja. A alegria, ou aleluia - valem o mesmo: exclamação de regozijo. Aleluia, na botânica é uma planta herbácea, com folhas trifoliadas e flores campanuladas brancas que floresce por altura da Páscoa.

Será essa razão subliminar subjacente na festa das Tochas Floridas, em São Brás de Alportel?  A Procissão da Ressurreição com as tochas floridas, onde os andores dão lugar às flores que ornamentam as trabalhadas tochas e as ruas enchem de vida a vila algarvia, outrora povoada por mouros, os Šanbraš. Ritual masculino, pelo facto de ser apanágio das confrarias, compostas apenas por homens, faz-me viajar até aos ritos de fertilidade associados a Frey, o Príapo nórdico. O seu imponente falo, personificado nos postes de 1 de maio, das festividades anglo-saxónicos.




 

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