Ó Frey regressa dos infernos e traz o teu falo

Freyr, “o Senhor”, está rodeado pelos espíritos das florestas e das fontes. Trata-se de uma Divindade da Terra, que rege as chuvas fecundadoras dos campos. Simboliza também a luminosidade do sol que faz germinar as sementes e promove o crescimento do mundo vegetal. Ao Deus protetor do gado, eram dedicados cavalos, javalis, cães, os viajantes entre-mundos e do reino dos mortos trazem esporos de vida. Os Homens a ele apelavam o seu poder itifálico - paroxismo da sexualidade reprodutiva. Frey era invocado para as boas colheitas e, também, para a paz: no dia da sua celebração, nenhum sangue deveria ser derramado por motivos violentos, nem armas permitidas nos seus lugares santos. Generoso, o "Senhor do Ano repartia a riqueza pelos humanos e, assim, alegrava a sua existência e dobrava a esperança no futuro da prole. Com o seu barco Skidbladner espalhava fortuna pelos pescadores e soprava bons ventos  aos knorr de comerciantes e aos draukkar dos aventureiros dos mares. 

A imagem hieratizada de Frey (cuja representação arcaica era idêntica ao do egpício Min e ao clássico Príapo, igualmente dotados de longo pénis, com efeitos benéficos na fertilidade e na proteção de bens)  compunha-se por um javali de ouro, Goldenbristle ou Slidrugtanne, cuja simbologia se intensificava a cada celebração do Solstício de inverno - momento do ano em que os dias começam a crescer e o Sol ressuscita das trevas.  Do mesmo modo que o javali de Endovélico,  Deus pagão telúrico e ctónico da antiga Lusitânia - preservada e venerada pelos Romanos no lugar agora conhecido por Alandroal - Goldenbristle emerge dos infernos, luminoso para difundir o "esperma" solar. Endovélico e Frey, em distâncias geográficas, porém, parceiros próximos com traços de bonomia, disponíveis para atenderem as preces e  dispensar a felicidade terrena e no além-túmulo.

Frey não era simplesmente um Deus da fertilidade e agrícola, também tinha pré-requisitos de rei ideal: virilidade, mestria marcial, riqueza atributos essenciais para governar. A capacidade para garantir a fertilidade da terra era um requisito importante nos governantes a arcaica Escandinávia. Frey como senhor das colheitas, os suecos acreditavam que o sucesso ou a perda das culturas dependia da relação do monarca com as divindades. Por isso, o rei responsabilizado pelo fracasso era sacrificado como oferenda aos deuses, num ritual apaziguador e de resgate de bonança. 

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