Mulher, mãe: O Mundo, a vida. Nós Todos!!

A aproximação do dia da Mãe faz-me lembrar Freya, Cíbele, Deméter, Istar e tantas outras Deusas maternais de forte pendor sensual e promotoras de vitalidade, que o Cristianismo castrou e atirou os órgãos reprodutores para o olvido pecaminoso. Mãe, matéria, água e sexualidade formam uma equação desafiante, cujo resultado remete para a sumptuosidade da alma Humana, transmutada na imersão nas neblinas infernais. A Deusa é Una e a nudez do seu corpo é a mais expressiva representação da alma. Mãe induz a ideia de interior, aconchego, afeto, calor pelas carícias, humidade pelo seu leite, frio quando responsável castigadora. 


Mãe, mulher compõem a base da nossa existência, a profundidade sagrada que dá forma e vida e que luta contra a repressão. Maria, a Virgem, andou pelos cantos da inferioridade dos apóstolos até ao século V; mas venceu a luta, sobrevivendo sob a condição forçada de Mãe de Deus e mais nada...tal como as mulheres após o Cristianismo de São Paulo, o misógino. Sim, Cristo foi traído não por Judas mas pelos seus discípulos. O Messias que se rodeou de mulheres, as Três Marias, exemplificando o caminho para a féminitude. É um conjunto de qualidades efiânicas que se reúnem para nos dar uma base, uma identidade, um caminho. 

Estamos na véspera da celebração da graciosa e generosa Bona Dea, a Boa Deusa romana da fertilidade e da virgindade, filha de Faunos, por isso apelidada de Fauna. Nesta noite, as mulheres honram os seus mistérios, e amanhã, dia 4, os espinheiros-alvar estarão enfeitados pelos seus alvos rebentos, cujas flores lembram o simbolismo das virgens vestais. Este arbusto, conhecido também por pilriteiro, está associado à runa Thurisaz, sob a potência de Thor, e a cor encarnada dos seus frutos personifica o sangue, o líquido vital, a força do sol que se exprime através do branco das duas flores, numa prosopopeia da luz. 

Maio pertence a Maia, divindade que presidi à abundância, à abertura, à alegria. O Sol é o seu filho, como Átis para Cíbele, a Kubileya, a que vive lá no alto da montanha da arcaica Anatólia. Aproveitemos o convite de Beltaine, de 30 de abril para 1 de maio, e livrem-se de tabus por ter sido também a noite de Valpúrgia, orgia de feiticeiras, noite de bailado de sentidos. 

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