Gosto do que nos diz o cavalo

A cada 30 de março assinala-se o início da metade do mês rúnico, sob a égide da runa Ehwaz, "cavalo". O cavalo é o animal simbólico da camaradagem, fidelidade, da união e em torno dele criaram-se ritos de fertilidade. É, pois, um excelente momento para fomentarmos as nossas relações com os outros, refletirmos sobre a qualidade dessas interações sociais, em que moldes se estabelecem e evoluem. É importante saltar para o lado de fora do círculo que circunscreve essa relação, de modo a filtrar fatores que nos conduzem à perda da nossa indivualidade, do nosso sentido de Ser e até que ponto nos levam a abdicar cegamente de projetos, perspetivas que preencheram a nossa consciência e promoveram e deram coerência á nossa vida. 
A ânsia por colmatar vazios emocionais tem, muitas vezes, o efeito entorpecente dos tóxicos químicos que nos precipitam para a dependência do outro, para a aniquilação do que somos. Todos têm o direito de irradiar a sua luz própria e não andarmos todos aqui tipo satélites lunares, a refletir o que os outros são - em muitos casos, aspetos negativos da sua personalidade. O cavalo é conduzido pelo cavaleiro, mas este tem de confiar no discernimento do animal na escolha dos percursos e na forma como este ultrapassa os obstáculos. O cavalo é o símbolo de excelência de espaço, liberdade, expansão e evasão. Naturalmente, são necessários limites, a responsabilização  para não nos deixarmo-nos alienar por estas magníficas sensações de plenitude. Há entre o cavaleiro e o cavalo uma intimidade de simbiose, de respeito da individualidade de cada uma das partes. Quem lida diretamente com estes animais sabe o quão é precioso o respeito e o entendimento do lugar de cada um. 
 Não basta montar, lançar-lhe os arreios, a sela. Antes, é preciso estabelecer uma interação de respeito, de consciência não egoista do papel que cada um executa neste processo: a resposta será em igual medida ao entendimento daquele que  monta  do que representa o cavalo. Porque se assim for, ambos ganharão quer numa corrida, quer como veículo de transporte. O cavalo exige este respeito pelo orgulho do que é ser cavalo. Isso é extraordinário, por isso é um animal de elegância e de brilhante inteligência. Entre o cavalo e o homem - assim como entre o cão - firma-se uma das mais arcaicas relações à face da Terra - é a montada dos deuses e deusas; de guerreiros valorosos, símbolo de estatuto social.
Parece-me um bom momento para percebermos os limites do espaço dos outros e, sobretudo, do nosso. A dialética entre nós e os outros, sem que um ceda em prol da dominação do outro. Vamos procurar nelas uma contraparte de nós mesmos, a que esteja perdida ou que nunca fora percebida. Aproveitem para fazer uma peregrinação silenciosa ao interior. Hail!!! Viva a vida,a amizade e o companheirismo!!!!

Comentários

  1. Grata pela partilha.
    Faço, enquanto Sagitário, parte do clã "Eques"...
    Abraço
    Maria de Cesarnac

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