Memória: o mais belo espólio humano

A redescoberta de mais um pequeno pedaço da nossa longa memória devastada pela indiferença a que o progresso nos foi viciando com distrações superficiais, efémeras e vazias, enriqueceu o dia consagrado a São João, o santo solsticial anunciador do Agnus. As fiandeiras cósmicas, as Nornas, demonstraram, mais uma vez, que sabem como deslizar o fio de prata pela roca e o fuso, orientando a minha intuição até às raízes da atual cidade da Maia, e promovendo um encontro intemporal com alguém que define o contacto com os artefactos como de "conexão emocional". A atenciosa senhora (a quem não perguntei o nome, porque na empatia dispensam-se apresentações) do Museu de História e Etnologia da Terra da Maia revelou-me o quanto o "maravilhamento" (expressão da sua autoria) provocado pelas peças aparentemente inertes em cada sala de exposições a faziam "entrar" na memória residente nelas. A falta de sentido de preservação tem nos feito perder a magia emocional do h...