À volta da fogueira

Diz Jacob Grimm que os alemães no século XIX comparavam o fogo ao voo do galo de asas abertas a saltar de telhado em telhado. O galo é um símbolo solar por anunciar o nascer do astro do dia, e desta relação o atributo mágico que elimina as influências da noite. Ao cantar do galo, surge no horizonte mais uma alvorada, um nova porta luminosa e renovadora, mostrando uma infindável capacidade de superação após um período adverso. É o galo que dá o sinal de alerta do perigo que vem dos domínios dos gigantes, as forças antagónicas a toda a manifestação de vida, no espoletar do Ragnarok. Agora que nos aproximamos do regresso da bela e formosa primavera, estejamos atentos ao canto do galo que entoa silencioso no nosso âmago. Lá longe, nas mais recônditas profundidades do nosso Ser, existe o imperial macho galináceo que delimita o seu poder territorial, enquanto permanecemos surdos ao seu chamamento. O galo é uma espécie de simbolismo zoomórfico do fogo. E não j...