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A mostrar mensagens de outubro, 2013

A abertura dos portais de Helheim

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À meia noite de 31 de outubro abrem-se os portais de Helheim e assim se dissipam os muros de bruma, deixando entrar as memórias residuais dos antepassados. É o momento de matar saudades e de resgatar recordações dos arcaicos guardiões, ainda hoje celebrados com gestos singelos de oferta de colheitas às alminhas espalhas pelas estradas secundárias deste país. Reminiscências do culto dos mortos que, felizmente, foram preservados na tradição popular das regiões serranas.  A noite ilumina-se na ténue chama das velas e alegra-se em banquetes pantagruélicos sobre as pedras tumulares. Do México aos países do Norte, os cemitérios transformam-se em agitadas áreas de comunicação e comunhão. Os vivos voltam a partilhar a mesa com os ancestrais, mantendo os laços inquebrantáveis de uma linhagem em perpétua renovação. O submundo adquire, então, matizes coloridas e aquece com a celebração de Todos os Mortos, que a Igreja mascarou como dia de Todos os Santos.  E são, de facto, santos os espíri

Hagalaz e o tempo de refazer o caos

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Com o minguar dos dias, o caminho estreita-se, como se nos dirigíssemos para o interior da caverna, para o interior. No escuro exige-se reflexão, um interregno ao que se passa no exterior, um momento de suspensão, após um período de extroversão, divertimento e de desgaste. É hora, diz Urd, para parar, absorver tudo o que vivemos durante a fase luminosa e vital, e disso extrair o que se nos apresenta válido para o nosso crescimento e amadurecimento. Praia de Labruge Hagalaz funciona como o fuso de Urd, a Senhora do Passado, a Mãe do destino. Ela coloca-nos o pergaminho da nossa história e pergunta-nos se é mesmo por ali que queremos continuar, ou aproveitar para fazer uma inflexão e permitir que Skuld nos levante a ponta do véu do nosso futuro. A persistência nos mesmos padrões cristaliza, mas a persistência em construir uma nova via abre-nos um universo de possibilidades que poderemos trabalhar no tempo de Verdandi. É neste ponto, no qual se manifesta Hagalaz,

Sigurd e as imperfeições humanas

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A lenda de Sigurd não é apenas um paradigma de heroísmo. A trama desenvolve-se a partir de um feito heroico, com a morte do dragão Fafnir, cujo simbolismo encena uma das três etapas do processo iniciático de um herói retratado psicologicamente em diferentes histórias - uma das quais já passou numa série televisiva em Portugal, inspirada na versão de Richard Wagner - , para desembocar num drama emblemático da imperfeição humana. Sigurd é um símbolo de coragem e de superação, representando, por isso, um alvo de cobiça e inveja. Conquista o coração de Brynhild, uma bela e luminosa valquíria, a donzela-fogo - qualidade que revela o valor inquantificável do troféu ganho por Sigurd. O herói desperta a filha de Odin do sono, e ela em troca oferece-lhe a sabedoria das Runas; e ele sela a relação com um anel (símbolo solar) e promete que retornará. A história de Sigurd, principalmente, a sua eleição por uma mulher do Outro Mundo, vira-lhe a vida do avesso. Desde então, Sigurd tornou-se obs

Ser Valquiria

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Perdi a conta às mensagens de felicitações pelo meu 46º aniversário. Muitas são de pessoas com quem nunca estive fisicamente, apenas comunicamos pelo Facebook, outras são de pessoas que já abracei, mas todas tocam no meu coração e provam que sigo no caminho certo. Há quem me chame de furação, sim é verdade, sou uma tempestade quando estou zangada; mas sabem que sou franca, cumpro os compromissos, apesar de autoritária, sou generosa e dou a mão a quem precisa. Vale a pena ser como SOU!!!! Obrigado por tudo, obrigado por confirmarem que vale a pena sermos íntegros e fiéis às nossas convicções, sem dar graxa, porque já sou engraçada e, se for preciso, corro a pulso e não faço favores!!!!  Podia seguir os trilhos da facilidade, submeter a minha consciência aos valores vigentes e prosseguir ao sabor do vento. E depois??? O vento espalha poeiras e também distribui o pólen que garante o ciclo perpétuo da regeneração. Eu prefiro ser o pólen, ter conteúdo e impregnar de vida à mi

Abertura

As palavras fixam-se nos livros e perdem-se na memória de quem as lê. O diálogo fica inviabilizado, o acesso ao autor é impessoal, frio e sem recordações. Este blog nasce para romper estas barreiras e abrir a ponte Arco-Íris à troca de palavras, sensações e, se possível de fragrâncias. Eu de um lado, você do outro. Entre nós estabelece-se um breve istmo e as distâncias dissipam-se. Em conjunto lançamos as Runas e descodificamos a linguagem secreta, que o deixa de ser, no primeiro momento em que pronunciamos os sons mágicos dos símbolos. A caminhada, lado a lado, é feita sem ter de dar as mãos para que o passeio seja livre e garanta a nossa liberdade. Cada um caminha ao seu ritmo. Cada qual dá os passos que entender para não se sentir pressionado e possa vislumbrar a linha do horizonte com clareza e sem imposição por que o outro anda mais rápido e parece estar mais próximo.