A passagem para o Mundo de Lá
O ato de caminhar pressupõe um movimento em direção a algo, de uma forma consciente e deliberada. A concentração nesse movimento conduz-nos para dentro, como uma força centrípeta, absorvente e que nos leva a lugares profundos do nosso self. A demanda do peregrino que vai deixando as suas pegadas ao longo do caminho, como testemunho do seu desprendimento do mundo exterior, ordinário e pautado por agruras, abraçando plenamente o sentido de religare. Terá sido essa motivação nas insculturas de pedomorfos feitas pelo Homem da pré-história num afloramento granítico, em Lomar (Penafiel)? Não se sabe ao certo, mas abre um belo campo de discussão fenomenológica. O simbolismo dos pés é diverso e o que parece mais marcante, nesta história com páginas em branco, é o facto de representar uma impressão para a posteridade. Como se o imaginário coletivo impelisse os seus autores a deixarem uma marca imortal dos seus esforços em alcançar o Mundo de Lá, como guias espirituais para os seus des