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A mostrar mensagens de fevereiro, 2014

Sob o reino celeste de Tiwaz

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A partir deste dia até 13 de março, estaremos regidos por Tyr/Tiwaz, oferecendo-nos um período de trabalho e sacrifícios em prol do progresso. Esta runa, entregue ao deus do Céu, da Justiça e da Guerra, dá energia positiva, coragem para vencermos e superarmos os desafios. Tyr/Tiwaz simboliza o deus dos deuses e indica-nos o melhor ponto de orientação, no caso, a Polaris. Numa fase tão angustiante social e economicamente, é sempre bom que nos revelem o Norte, o caminho mais reto, menos sinuoso, que nos leve à Morada Celeste.  A vibração desta runa é masculina, intensa, agitadora, nem sempre suportável, por exigir uma reação muito dinâmica, por vezes agressiva, gerando para o efeito conflitos para que se possa expressar. Quer isto dizer, que este símbolo rúnico quando usado em tatuagens, ou em posturas corporais, desencadeia um fluxo energético equivalente, sendo, portanto, ideal para temperamentos idênticos. De qualquer forma, é um excelente talismã de apoio, uma plataforma sobre a

Landvaettir: Guardiães do território

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Em todos os lugares existem os seus guardiães, espíritos protetores que preservam a memória arcaica desse espaço físico e também antropológico. A sociedade tecnológica evoluiu, oferecendo a ser humano outras vias de conforto, na maioria dos casos, um estado emocional artificial, um placebo de prazer do qual resulta muito pouco de positivo para o real conforto. Cortaram-se vínculos importantíssimos com a anima loci e perdeu-se, assim, um apoio maravilhoso para a sanidade física, mental e emocional dos indivíduos. A "alma" do lugar ainda pulsa sob muitos nomes, assumindo diversas formas, à espera que a despertem. Em Portugal, a serpente é o animal totémico de excelência, é a nossa guardiã, tesouro de rituais ofídicos, que protegia este território à beira-mar plantado. Na linguagem dos povos do Norte, os espíritos protetores de uma determinada região eram chamados de landvaettir . Estes seres fantásticos eram imaginados colocados em zonas altas, sobranceiras ao mar, de modo a q

Kvasir: a vítima da ignorância

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Os Vanir e os Aesir decidiram colocar um ponto final à série de confrontos numa guerra  que não conduzia a lugar nenhum. As duas castas divinas perceberam que não ganhavam nada em exterminarem-se mutuamente, correndo o risco de apagar da memória do tempo as virtudes e defeitos de deuses, concluindo que a coexistência seria mais benéfica para a Humanidade. De um lado, os Vanir, a linhagem dos deuses da fertilidade e da magia da Natureza, e do outro lado, a linhagem de deuses da soberania e da guerra, reuniram-se para selarem, definitivamente, a paz. Mas as duas partes queriam garantias de que este armistício seria cumprido, então, decidiram cuspir para dentro de um caldeirão, emblema do renascimento. Neste "ventre" maternal, a saliva misturou e uniu o conhecimento dos Vanir e dos Aesir, tornando-se numa substância mágica. Cuspir é o mesmo que dar a palavra, assumir um compromisso, fazer um juramento, ao mesmo tempo é um ato de criação. Os deuses não queriam que este te

Hidromel: A bebida da Perfeição

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Deixa o homem segurar a taça ,  Mas que beba moderadamente hidromel ,  Fale de forma sensata ou fique em silêncio.   Se cometer um a falha  N inguém o repreender á,  Se for dormir em bom tempo  Havamál, estrofe 19 Beber é um ato sacramental de comunhão. É um rito de agregação que vincula os membros de uma comunidade à memória dos seus espíritos ancestrais. O hidromel caracteriza os rituais das culturas antigas dos Celtas, Saxões e dos Viquingues, como um instrumento catalisador da transformação do espírito humano e meio de abertura à comunicação com o Mundo Superior. É a bebida da imortalidade e dos deuses, daí o seu carácter exclusivamente cerimonial, que a distingue da cerveja fabricada e consumida com propósitos mais mundanos para extasiar e estimular a coragem dos guerreiros. Só os sacerdotes conheciam os segredos dos seus ingredientes e só eles estavam autorizados a preparar a bebida dos sábios para os grandes festivais celtas.  A mistu

Serpente: Arquétipo de Morte e Renascimento Cósmicos

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Símbolo das potências do Caos, a Serpente Midgard (Midgardsormir) foi lançada ao mar por Odin para neutralizar o seu poder desestabilizador da estrutura terrestre e divina. Nessa fase já o Deus Supremo nórdico, Odin, havia sacrificado o gigante mítico Ymir como argamassa na edificação do Mundo Terreno - ponto de confluência entre o Céu e Mundo Inferior. É do sangue de Ymir que se forma o abismo oceânico: o habitat de Midgardsormir. O plasma do Gigante nutriu o voraz e enorme monstro, apelidado por Snorri Sturloson, na Gylfanning, de Jormungandr (vara colossal). Desde o começo dos tempos no fundo do grande oceano, cresceu desmesuradamente até se enlaçar em torno da Terra, sustentando-a até ao dia do Ragnarök, a Morte dos Deuses. Jormungandr é o Ouroboros, a serpente aneliforme que representa o ciclo de renovação , em que o fim não é abismo, apenas um perpétuo início dinâmico e crescente. O alfa e o ômega: a criação e a destruição em sentido ascendente. Filho (no velho norreno, Mi

Balder: a anunciação do Sol

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E porque o sol hoje nascerá no regaço de Apolo, assaltou-me a vontade de resgatar Balder do Mundo álgido de Hel. O deus grego do Sol era celebrado neste dia, assinalando o crescimento do astro luminoso nos céus sombrios e o seu parente nórdico, o belo filho de Odin e Frigga, está também prestes a abandonar o reino da deusa da Morte. A beleza resplandecente de Balder enchia de vida os salões celestes de Asgard, até o dia em que a natureza destrutiva de Loki decidiu roubar-lhe o sopro, ao arquitetar uma maneira de o assassinar. Enquanto vivo, Balder era todo ele um corpo de luz resplandecente e à sua passagem todos os seres vivos se multiplicavam. Balder é a luminosidade da época de ventos húmidos e cálidos que todos aguardamos e desejamos num fase de frio intenso e de temporais violentos. Balder é o espírito do sol triunfante e cicatrizante, que devolve a vitalidade e a alegria. O seu desaparecimento provocado por uma flecha forrada com visco lembra os rituais druídicos do verão.

O mistério de Hagalaz no número nove

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O número nove na Tradição Nórdica encerra todos os mistérios da origem do mundo, como se poderá perceber ao longo da caminhada pelos nove mundos da Yggdrasil. Odin vagueou por entre os reinos cósmicos que compõem a diversidade espiritual de uma tradição que sentiu e viveu o nove como o número Mãe ou a Matriz de toda a criação. No FUTHARK descobrimos esta simbologia na Runa Hagalaz, a primeira do segundo dos três Aettir (família) de sigilos, no percurso que assinala o “regresso” ao nosso passado como entidade espiritual - constituindo também uma excelente oportunidade para elaborarmos a biografia da nossa existência. No final da jornada, tomaremos contacto com o domínio das Nornas (Três Irmãs do Destino-wydr), assumindo parte da construção da nossa teia da vida. Se pensarmos no símbolo desta runa no formato de floco de neve, tornar-se-á perceptível a complexidade do seu significado. Terá sido este ideograma percebido pelo Deus da Sabedoria, Odin, ao cabo da longa viagem ini