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A mostrar mensagens de janeiro, 2014

Dia sagrado das belas e ferozes Valquírias

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Janeiro despede-se ao som das cavalgadas das Valquírias. Belas, imponentes e de aspecto agressivo, as filhas de Odin são celebradas neste dia e com elas vêm também as lembranças de nomes heroicos de homens agora imortais e elevados à condição divina. De temperamento paradoxal, estes seres femininos expressam a dualidade mais profunda da mulher que se segue a si mesmo. A paternidade do Deus Supremo não lhes limita a liberdade de escolha e muito menos atenua-lhes a faceta visceral, que as torna sinónimo de morte. Mas esta é uma morte transformadora, iniciática, em parte, porque visa apenas o guerreiro que se supera e transcende as suas limitações. Valquíria significa a que escolhe o melhor de todos que se despedem da vida em combate. Elas aguardam pelo último suspiro do seu alvo, com idêntica expectativa com que a Morte observa, pacientemente, com um certo gozo a luta agoniante de quem lhe resiste.  A beleza das Valquírias em nada se assemelha ao harmonioso e feérico: elas são cruéi

Descobrir quem somos no gelo do Norte

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No outono, o prenúncio do inverno e do processo de cristalização da vida e da luz, celebra-se o significado mais profundo das três primeiras runas do segundo Aett do FUTHRAK. É aqui experimentamos a força do caos, num teste à resistência aos alicerces implantados no Aett de Frey e Freya. No conjunto de 24 runas, Hagalaz é a nona na sequência, o número perfeito por encerrar em si todos os nove mundos, como se fosse a matriz de toda a existência. É a  Runa Mãe, a partir da qual nascem todas as outras runas e eixo em torno do qual se dá a alternância entre a estação luminosa e a estação escura. É o rosto de Hel: uma parte branca, viva e bela, e a outra negra, decrépita e feia - a dialética da nascimento-morte, da iniciação-despedida. Quando chegados aqui entramos imediatamente num sono profundo em busca de pistas que nos ajudem a explicar alguns dos acontecimentos que marcaram e condicionaram o percurso ao longo do primeiro Aett, governado pelas forças telúricas de Frey e Freyja,

Disting: A Festa dos Poderes Femininos

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Chego atrasada para falar do Old Disting, a festa das Dísir do calendário antigo rúnico que  corresponde ao gregoriano a 25 de janeiro. A celebração dos espíritos femininos é uma espécie de lembrança ativa da influência e importância das guardiãs no bem-estar e prosperidade da tribo ou clã. Nesse dia, o poder feminino exponenciava relação do homem com as forças numinosas que emanavam no espaço físico e social, e graças à sua presença, a vida progredia. A Dís é uma mãe ancestral, o significado mais profundo do que é maternal e protetor. Freya é a Vanadis, a Mãe divina dos Vanir, a deusa da fertilidade, da riqueza, líder das valquírias e senhora da magia feminina, o seidr. Na mitologia nórdica, as Dísir compõem um grupo de seres divinos sobre os quais pouco se sabe em profundidade, apenas que aparecem a um individuo da família que protegem no momento da sua morte ou se manifestam perante uma situação de perigo. Convocadas a 25 de janeiro (embora haja referências a festividades

Thor, cerveja e o sagrado

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A abertura de qualquer cerimónia implicava uma consagração solene, de votos de paz e prosperridade para todos os participantes feita pelo sacerdote no Thing-jurídico, gesto com idêntico efeito nas Thing-convívio. E abria-se erguendo o primeiro corno e com ele se verbalizava o nome sagrado subjacente ao espírito tutelara. O carácter sagrado da ocasião estava centrado precisamente no conteúdo transbordante dos cornos de cerveja, a bebida mágica, do êxtase e da imortalidade. Enormes vasilhas ou cupas colocadas no centro no salão borbulhavam de cerveja consagrada ao clã, à comunidade - ale-frith . Será a cupa utilizada nas grandes libações de cerveja nas festividades principais na esperança de atrair as forças positivas do destino. Os banquetes festivos, bailes de Yule em honra dos mortos ou comemorações de um triunfo ou pela proteção dos ancestrais, em qualquer das circunstâncias fermentava-se uma cerveja especial e adequada a cada situação. As guildas uniam-se numa comunhão eu

Ritual de Passagem da Mulher Germânica

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Os rituais de passagem dos rapazes tiveram sempre um destaque especial nas comunidades germânicas. Na Velha Germânia, os jovens entravam no círculo dos adultos após se submeterem a um teste de coragem, enfrentando um auroque (Urus). Animal viril e indomável, o extinto auroque  -  há uma associação em Portugal empenhada em "despertar" a alimária do imaginário ritualístico da pré-história a partir do ADN de ossos - era o agente principal do rito de passagem da puberdade à adolescência do futuro guerreiro, que exibirá até à sua  morte o corno do seu grande troféu na batalha dos instintos. Na Escandinávia a prova exigia também destreza, força e capacidade para superar situações inesperadas para que o jovem merecesse a sua espada. E como era com as raparigas numa sociedade patriacal? A jovem submetia-se também a momento de integração no grupo social e com o mesmo respeito. Há poucos dados, mas os que existem mostram que a primeira menstruação marcava o ponto de viragem da púb

Ritual de integração

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(Os chuviscos) são as lágrimas das nuvens, que fazem diminuir a superfície gelada que o pastor odeia. (Poema Islandês Antigo)   Nove dias depois do filho/neto do chefe do clã ter nascido é tempo de lhe atribuir um nome. Agora que sua alma está praticamente  integrada , a criança é consagrada como novo elemento da  comunidade durante um rito de integração , o ausa vatni. Sobre ela é aspergida três vezes água e de seguida o sinal do martelo de Thor - uma cruz invertida - com o punho, invocando o poder protetor do Deus Trovão e guardião da Terra e dos homens. A criança recebe então o seu nome e é acolhido no clã. Desde esse momento, uma alma habita um novo corpo e o seu destino inscrito no weird, pronunciado por Urd no seu nascimento, começa a revelar-se. A água é o elemento que oficializa o novo membro da família e da comunidade. O ritual de entrada termina com a plantação de uma árvore, que será para sempre a memória desse dia e uma referência sólida na const